‘A Paixão Segundo G.H.’ é um deleite poético com Maria Fernanda Cândido
Atriz principal está estupenda no papel da mulher branca e privilegiada que passa por uma epifania, criada por Clarice Lispector
✪✪✪ Um clássico da literatura transformado em filme. Com estreia marcada para 11 de abril, A Paixão Segundo G.H. é pura poesia. A obra de Clarice Lispector ganhou sua versão audiovisual pelas mãos do diretor Luiz Fernando Carvalho, que já havia realizado o mesmo feito, com Lavoura Arcaica (2001). O roteiro é assinado por ele em parceria com Melina Dalboni.
A protagonista é interpretada por Maria Fernanda Cândido. A personagem, uma mulher branca e privilegiada, passa por uma epifania e se dá conta da grandeza da vida ao se deparar com uma barata morta.
O longa convida o espectador a mergulhar nos escritos de Clarice, com um texto que faz jus à obra, um design de som imersivo e uma atriz principal estupenda, que envolve com o olhar penetrante e a linguagem não verbal.
O resultado pode não agradar o grande público, afinal se trata de um fluxo de consciência, mas há de atrair os amantes do livro, graças ao evidente preciosismo da equipe.
Publicado em VEJA São Paulo de 29 de março de 2024, edição nº 2886